terça-feira, 24 de abril de 2012

A pior profissão do mundo

Não é porque eu fiz um TCC sobre um goleiro espetacular como o Sr. Valdir de Moraes, arqueiro da Primeira Academia de Futebol do Palmeiras, que eu tenho toda a autoridade para falar sobre a posição. No entanto, falando com o próprio ex-goleiro e com Carlos Pracidelli, dá para ter uma noção do que é DE FATO ser um jogador da posição.

Ganhar o respeito de uma torcida sendo goleiro é algo que só vem após anos, títulos e boas atuações em jogos decisivos. Hoje vemos, por exemplo, um Ronaldinho Gaúcho que é um baladeiro, desgraçado, mala, chinelinho o campeonato todo, mas que faz um gol contra o Vasco num domingo qualquer e vira o heroi rubro-negro.

Curiosamente, os quatro grandes de São Paulo têm goleiros jovens e, alguns deles, têm uma responsabilidade absurda de substituir um ídolo do clube ou, simplesmente, tentar se consolidar no time principal. Aqui vai minha leiga análise dos atuais donos da camisa 1 dos grandes:

Rafael 

Quando pensei no post, quis fazer como se fosse um ranking, classificando do mais aparentemente preparado, para o menos. Ou do que vive melhor fase para o que vive pior. Começando pelo goleiro do Santos, Rafael Cabral, fica difícil definir um estilo ou algo que o marque como um indiscutível arqueiro. Cabral entrou na mídia após ter a perna fraturada por Domingos (nem me pergunte como isso foi possível). Depois da saída do Felipe, campeão da Copa do Brasil, e imortal "mão-de-alface", pouco teve trabalho em um time que já tinha um ataque avassalador e uma defesa que foi se ajeitando com a chegada de Muricy Ramalho.



Não conseguimos sequer lembrar de uma falha clamorosa de Rafael em algum jogo importante do Santos e costumamos lembrar de defesas que, em momentos de pane do time da Vila, significavam a garantia de um placar magro de um dia atípico do Peixe. No entanto, não vejo como um goleiro absoluto, já que é difícil ser destaque de algum jogo que tenha a presença do Neymar. A única coisa que já vi reclamarem dele é que em algumas cobranças de falta, Rafael demora para tomar a decisão de pular na bola. Fora isso, nada que chame muita atenção.

Dênis 

Talvez o mais "injustiçado" de todos. Depois da aposentadoria do Marcos, a imprensa, torcedores rivais e até são-paulinos, fazem campanha para que o Rogério se aposente. Não acharia de todo mal, já que Ceni encerraria a carreira "por cima" com a questão dos 100 gols e o fato de ser inconstestável com a camisa 1 (01) do Tricolor. A lesão no ombro pode dar fim à carreira de Rogério, mas todos ainda contam que o time está desfalcado, entendendo Dênis como um interino.



Tecnicamente, Dênis beira a perfeição. Tem boa reposição de bola, demonstrou bons reflexos em várias partidas e sai razoavelmente bem do gol, tanto para fechar o ângulo do atacante, como em cruzamentos para a área. Só que aí vem o fator que dá saudade do Rogério. Dênis é omisso. O único momento em que fala com o time é na formação da barreira. Não sei se por respeito ao titular ou por não se sentir na autoridade de gritar, o camisa 22 parece apenas mais um membro da zaga e sequer aspira a um líder o setor, como se espera de um goleiro. Nenhuma falha clamorosa, mas nenhum jogo importante que passaram pelas mãos dele.

Deola

A tão famosa academia de goleiros passou por um momento turbulento depois da aposentadoria de Marcos. Apesar do "santo" não estar jogando com frequência nos últimos anos, dando espaço para Deola e Bruno, a torcida palmeirense sempre escalava a equipe com o camisa 12 debaixo das traves. Nesse caso, não há tanto problema para a "substituição" porque ele já vinha jogando há algum tempos.



Deola também é outro que não apresenta falhas GRAVES, embora no último jogo contra o Guarani tenha falhado em, pelo menos, dois dos três gols bugrinos. No primeiro gol, inclusive, um dos principais defeitos do goleiro: a saída do gol. No gol do Fumagalli (escanteio muito bem batido, diga-se), o goleiro palmeirense parece esperar que a bola chegue até ele, mas aí é enganado pela curva da bola. Em outros jogos, já aconteceram lances parecidos, mas como tem boa envergadura, Deola conseguiu dar um tapa e tirar a bola da área. Já no terceiro gol, a falha "mão-de-alface", mas acho que nesse, foi apenas uma exceção. Nem sempre vejo lances desse tipo envolvendo o Deola.

Julio Cesar 

Ah, o Julio Cesar! Última rodada de 2010 contra o Goiás, final do Paulistão contra o Santos em 2011 e quartas de final contra a Ponte Preta no Paulistão 2012. Julio tem um grande problema para se firmar na camisa 1 do Corinthians: tem cara de paga-lanche, cara de bonzinho... Para quem já teve Ronaldo no gol, aquele maluco que se jogava para todo lado e chamava a torcida, ou até mesmo Dida, que mais parecia um muro até pela expressão facial, o atual camisa 1 do Corinthians não tem o perfil que a torcida quer para um goleiro.

Porém, em outras partidas, em tese, menos importantes, Julio Cesar opera certos "milagres". Mas acontece que a síndrome dos goleiros o ataca ferozmente. Se Julio falhar em qualquer momento, será execrado pela maioria dos torcedores. O que o deixa longe dos outros três deste post é que Deola ainda tem crédito por ser da casa e tudo mais, Rafael ainda não teve uma grande falha e Dênis é tratado como interino.

O goleiro corintiano é um dos mais corintianos de verdade do elenco. Pelo menos é o que se diz por aí. Revelado no terrão, o cara que torce dentro de campo, como Marcos e Rogério Ceni torcem para Palmeiras e São Paulo, respectivamente. Só que, veja, não tem como ser um torcedor dentro de campo e assim ganhar a torcida. Ainda mais se você não apresenta segurança sequer para bater um tiro de meta.



Julio Cesar está abalado com as falhas desse domingo e isso só vai trazer mais problemas para ele. Julio sabe que a primeira bola que soltar contra o Emelec, seja aqui no Pacaembu ou no Equador, com o Corinthians ganhando, perdendo ou empatando, ouvirá a torcida pegar no seu pé. Sabe que, para se redimir, precisará operar um milagre na final da Libertadores e garantir o título inédito dos alvinegros. Ou seja, ele sabe que escalou pela parede de um buraco durante todo o Brasileirão 2011 e uma falha o fez escorregar até o fundo dele novamente.

Não sei o que seria mais correto para o Tite. Ele poderia tirar o Julio Cesar e colocar o Cassio por causa do momento do camisa 1, mas isso poderia fazer o técnico perder o grupo ou acabar de vez com a carreira do Julio. Ou ele mantem o goleiro e torce para que ele se recupere e não coloque um projeto todo a perder por causa da sua falta de confiança. Minha opinião: Coloca o Cassio lá e põe a culpa da altitude e na estatura do Julio. No jogo do Pacaembu, Julio Cesar volta para seu teste de fogo e, uma possível classificação, pode limpar um pouco mais a barra do goleiro.

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